Chegamos ao último artigo da série Revisitando Previsões, até aqui passamos pelo pelo Despertar das cidades dormitório, começando com A Nova Classe Criativa.
Por trás desses três artigos estão suas versões originais, publicadas em meados de 2020.
Reações em cadeia a partir da crise podem afetar diretamente a economia dos bairros, Usando a Villa XP para falar de cidades e O Futuro da Faria Lima.
A capa da Vejinha SP com um patinete abandonado assustou muita gente. Imaginar os maiores defensores dos coletes deixando a Faria Lima foi um baque.
A perspectiva era de um esvaziamento do principal centro empresarial, o que jogava toda a cidade sob a sombra da decadência, a época com quase metade dos imóveis comerciais vagos.
Chique por último
A Faria Lima não teria o mesmo destino de outros bairros comerciais e logo novos inquilinos buscaram esse poderoso endereço.
Como o exemplo da Blue3, afiliada da XP que começou em Ribeirão Preto e agora ocupa um imponente escritório na capital.
Isso sem deixar de reforçar sua pegada no interior, inaugurando também unidade para atendimento digital em Franca.
A relação da capital com o interior é cada vez mais comercial, expandindo seus negócios para regiões agrícolas, industriais e turísticas. Dando moldes à mega-região de São Paulo.
Da mesma maneira, podemos prever que atividades de lazer passem a ganhar força na nova metrópole que começa a tomar forma.
Rodízio de pessoas
A cada dia útil 20% dos carros não podem circular nos horários de pico.
Medida voltada para aliviar um pouco a intensidade dos deslocamentos, permitindo aos demais uma fluidez menos pior.
Atualmente a vacância dos imóveis está acima de que 20%, apontando para um esvaziamento da cidade, deixando-a melhor para quem fica.
Segundo especialistas, está se abrindo um ciclo de renovação do espaço urbano, uma vez que espaços antes voltados ao trabalho e à produção estão agora disponíveis para novos usos.
Se estiverem certos podemos esperar por novos espaços públicos, culturais e interativos, cheios de vida.
Esse movimento já vem tomando forma com novos usos sendo dados a diversos imóveis antigos do centro, Lions Club, Red Bull Station, Balsa, Tokyo, Bar dos Arcos, Bar do Cofre, Esther Rooftop, Drosphyla, Casa de Francisca, até o emblemático Terraço Itália.
Não apenas teremos mais parques, como o mercado imobiliário saberá aproveitar bem o novo propósito da cidade.
Se antes as incorporadoras eram super conservadoras, lançando os mesmos produtos, hoje empresas como Vitacon e Tecnisa apostam em novos formatos de todo tipo.
Conclusões
A pandemia revelou a força da nova Classe Criativa, que preservou seus empregos, aumentou seu poder de consumo e ainda pôde se movimentar para lugares mais aprazíveis que as grandes cidades.
A chegada desse grupo movimentou cidades do interior e do litoral, acostumadas com fluxos de temporada ou finais de semana, passaram a ser residência permanente de profissionais que trabalham de forma remota.
Mais demanda nos setores de serviços, comércio e imobiliário desses lugares.
De outro lado, as cidades grandes viveram um período de dúvidas sobre sua viabilidade, com bairros importantes sendo esvaziados, desemprego em setores fortes como comércio e serviços e um crescente número de imóveis vagos.
Ainda que as Classes Criativas tenham chamado a atenção em seu movimento para o interior, sua natureza é essencialmente urbana, voltada para pluralidade que só as grandes cidades podem proporcionar.
Mais ócio por favor
No interior as pessoas matam o tempo, nas cidades o tempo mata as pessoas.
As pessoas das cidades querem seu tempo de volta.
A cidade na era da informação tem mais tempo livre para superar a ética protestante de dedicação total ao trabalho, do time is money, clamando por uma revolução criativa.
O ativismo local que oficializou o Parque Augusta, a exemplo do Highline em NY, será cada vez mais forte, demandando espaços de lazer convívio na cidade.
Mais expectativa de vida, menos trânsito, mais tempo para se viver o que se é.
Uau, foi uma viagem no tempo futuro pensar tantos aspectos da vida moderna, obrigado por chegar até aqui.