Esse é o quinto e último capítulo da série de conteúdos dedicados ao mapa da cólera, criado pelo Dr. John Snow por ocasião de um surto epidemiológico que levou centenas de pessoas à morte no intervalo de uma semana em 1854 na região do Soho em Londres. O capítulo anterior foi, A bomba é interditada sob protestos.
No ano de 2007 a população mundial alcançou um importante marco
A migração do campo para as cidades levou a uma inversão de importâncias geográficas, com mais da metade das população mundial vivendo em cidades.
O movimento que teve seu início por volta de 1300 e segue forte, desloca a vida na no humana de seu histórico palco rural para a cena urbana.
Ainda que esta seja uma série celebratória dos eventos ocorridos em Londres no ano de 1854, ela tem uma forte relação com o Brasil.
Vivemos em nosso país uma super aceleração desse movimento, com eventos equivalentes àqueles vividos na Inglaterra dos séculos passados.
Nossa produção agrícola segue forte, com um aproveitamento cada vez maior da terra, sem que isso represente um aumento populacional nessas regiões, bem o contrário.
A tão temida invasão das máquinas já é realidade nas fazendas, onde a força bruta, a mecanização e a inteligência se fazem mais presentes em equipamentos do que em pessoas.
Até a descoberta de John Snow a respeito dos riscos à saúde associados à descontrolada aglomeração humana, as cidades eram lugares terrivelmente tóxicos.
A chegada das massas a Londres, provenientes das províncias rurais imediatas até os extertores do Império Britânico, fez da capital vitoriana uma amostra do que seria a vida no futuro.
Nada poderia mudar a migração de pessoas para fora dos campos, sendo as cidades como único destino possível.
Mas algo nas cidades teve que ser mudado para que pudessem ser o palco da vida moderna que se desenhava.
Essa mudança teve sua gênese na sensível descrição do drama vivenciado pelas famílias do Soho realizado por:
- Dr. John Snow, um cientista interessado na saúde e bem estar das pessoas
- Reverendo Whitehead, um religioso vocacionado para o amor ao próximo
Juntos, eles foram capazes de demonstrar que as cidades precisavam mudar com os tempos.
As cidades mudaram e mais pessoas se mudaram para as cidades.
Ainda assim, a geografia desigual das mudanças deixa lugares a margem desse despertar.
Um e cada três moradores das cidades do mundo vive em áreas de habitação tão precária quanto as vivenciadas na Londres de 1854.
São pessoas vivendo em domicílios que não as protegem contra condições climáticas, não oferecem espaço essencial aos indivíduos que ali residem, sem abastecimento de água ou tratamento de esgoto, muitas vezes sem banheiro, sem o reconhecimento do endereço e do direito de propriedade sobre aquela estrutura.
O Brasil passa por uma ligeira melhora nesse aspecto, com a redução de 37 para 22% da população urbana vivendo em favelas.
Há pouco a celebrar, uma vez que a dinâmica da vida urbana fora das favelas espreme famílias em micro apartamentos, no sistema de transporte, na dependência de alimentos cada vez mais caros.
Esse enorme salto entre 1960 e 2020, em que alcançamos 87% de nossa população vivendo em áreas urbanas, com a metade dessas pessoas vivendo em regiões metropolitanas, onde as condições de vida sãos as mais exigentes.
Isso explica o sucesso de diversos negócios nas cidades, que viram a demanda por seus bens e serviços aumentar continuamente, assim como o custo de vida das famílias.
A projeção é que até 2050 teremos alcançado 92% de nossa população vivendo em áreas urbanas, com grandes expectativas em relação à alta capacidade de produção agrícola ainda mais automatizada.
Se nada mais for feito, problemas da mesma ordem daqueles vividos em Londres, seguirão comuns.
A vida nas cidades pode ser boa, uma vez que nas cidades é mais fácil prover:
- Acesso à eletricidade e telecomunicações
- Condições sanitárias superiores
- Água potável
- Alimentos e meios para seu preparo
- Serviços de saúde e educação
Como conduzir o restante das pessoas a essas condições e como fazer da vida nas cidades algo mais realizador do que penalizante?
Acreditamos que a resposta está na descentralização urbana, na consequente redução da pressão do custo de vida em alguns lugares em benefício de uma distribuição mais racional das ofertas de emprego, lazer, transporte, comércios e serviços.
Foi por isso que escolhemos um modelo de negócios aberto, simplificando o acesso a informações fundamentais para a articulação dessas novas centralidades.
Levar o Geomarketing para todos é a nossa contribuição para que esse mundo novo comece agora.
Amor pelas cidades