Etimologicamente, a palavra Região vem do latim regere, isto é, dominar, reger.
O general prussiano Carl von Clausewitz ficou famoso pela frase :
"A guerra é a continuação da política por outros meios".
O povo marketing sempre gostou de ver a si mesmo como uma guerra por outros meios, envoltos numa disputa comercial parecida com o vale tudo típico dos conflitos militares.
Tanto que fez muito sucesso esse livro de Al Ries e Jack Trout, verdadeiros gurus do marketing.
Hoje pode ser um pouco ultrapassado pensar a si mesmo numa guerra, sobretudo num mundo que busca vencer desafios a partir da união.
De todo modo, nossos concorrentes continuam sendo concorrentes, que disputam conosco os mesmos mercados, os territórios onde estão os clientes e potenciais clientes.
E mesmo que a disputa não custe vidas (às vezes até custa), ela custa empregos e carreiras, tudo em nome do lugar no topo como a marca dominante.
Marketing e Geomarketing de Guerrilha
O final das guerras do Vietnã e Afeganistão ensinou uma dura lição às potências mundiais, pequenas forças militares podiam resistir e vencer usando técnicas irregulares de guerra, a guerrilha.
Esse aprendizado logo foi absorvido pelo marketing, que elaborou uma cartilha sobre como pequenas marcas poderiam resistir às grandes, apelidada de Marketing de Guerrilha.
As típicas ações de guerrilha foram transcritas como ações de marketing.
Emboscada agora era pegar carona em alguma grande ação das grandes marcas.
Tipo lançar produtos mais baratos na mesma data ou distribuir folhetos em filas de espera.
Ação popular seria o envolvimento em causas defendidas pelos públicos em uma região-alvo.
Patrocínios assimétricos, se as grandes empresas podem contratar os astros, as menores partem para patrocinar estrelas locais.
Intervenções, incentivos para que artistas transformem lugares de forma a valorizá-los para aquela população retribua com sua fidelidade de consumo.
Estes exemplos deixam evidente que o Marketing de Guerrilha se dá sobre uma região, bem nas linhas do que pressupõe o Geomarketing.
A força dos locais está em conhecer e explorar bem seu território
Se por um lado o Marketing gosta de se fantasiar como uma arte da guerra, a Geografia prefere se apresentar como uma Ciência Social, que contribui para a reflexão de problemas atuais, mas que sempre teve um papel importante nas guerras de verdade.
Tanto que a declaração do autor Yves Lacoste provocou polêmica no lançamento de seu livro “A geografia, isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra”.
Ninguém discute que a Geografia é fundamental para que possamos conviver com a enorme complexidade do espaço terrestre.
Mas isso não significa que ela seja usada apenas para o bem da humanidade.
Enquanto a maioria das pessoas passa pela vida sem remeter diretamente aos aprendizados das aulas de Geografia, os militares, por seu lado, percorrem suas carreiras tendo a tendo como referência.
Não somente se adaptando aos ambientes, mas também recorrendo à Geografia como arma de guerra, a exemplo da hipótese de que a usina de Itaipu é uma ameaça contra a Argentina.
Os uniformes militares mudam conforme o ambiente, assim como as táticas e equipamentos empregados.
A Geografia está no centro das organizações voltadas para a guerra.
Na prática, a construção de mapas atende a governos em seus objetivos de gestão do território.
Fora desse contexto, sobrava pouco espaço para um uso objetivo da Geografia no dia a dia.