O Censo 2022, levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que avalia o perfil de idade da população brasileira, trouxe à tona que a população com 65 anos ou mais cresceu 57,4% no país, enquanto o total de crianças apresentou um recuo de 12,6%.
Muitos acreditam que esses números servem apenas para fins políticos ou sociais.
Mas para nós, profissionais de marketing e empreendedores, essa transformação demográfica também impacta diretamente no padrão de consumo das famílias.
As fases da vida são capazes de direcionar as nossas preferências a começar pela educação, na infância, pelo sonho da casa própria, quando adultos, e pela saúde e estabilidade, com os mais velhos.
No entanto, na dinâmica que vemos hoje em dia, podemos enxergar algumas possibilidades que nos levam a estudar a demografia com foco em marketing.
De um lado, o crescimento da população idosa indica, por exemplo, que os mais jovens podem ter mais oportunidades, mesmo que as lojas de artigos infantis, como de roupas, brinquedos e acessórios, passem a enfrentar uma demanda bem menor nos próximos anos.
No outro extremo, o envelhecimento da população traz nuances que, por sinal, não se remetem mais aos vovôs e vovós de décadas atrás.
Se é verdade que mais gastos com saúde são inevitáveis para pessoas mais velhas, a ideia de se manter saudável, prevenir doenças e seguir em movimento também são essenciais para uma geração bem diferente.
Essas atividades não se dão apenas por caminhadas e viagens, como também na extensão da vida profissional, como consultores ou empreendedores, como forma de continuar participando ativamente da sociedade.
Há uma consciência clara de que é necessário seguir produzindo para compensar o que desejamos consumir.
Diante desse cenário, é essencial que as marcas acompanhem as mudanças no perfil da população. O aumento de famílias monoparentais, casais sem filhos e arranjos multigeracionais, etc.
Toda a realidade que nos cerca pode ser um novo desafio ou oportunidade.
O chamado consumo de massa já não se aplica mais quando temos cenários tão fragmentados de idade, arranjo familiar e estilo de vida.
A resposta está no entendimento dos segmentos populacionais e na construção de marcas e ofertas alinhadas às necessidades de cada geração, sua região e sua classe social.
A demanda por produtos para crianças será muito menor nos próximos anos.
Porém, o lançamento de serviços que atendam à saúde de qualidade para os idosos pode ser a chave para o estabelecimento de um novo negócio em uma cidade em que essa população já é maior.
Portanto, atentar-se às mudanças populacionais e geográficas, método conhecido como geomarketing, é uma estratégia de observar o comportamento de consumo para, então, construir uma marca duradoura no mercado.
Foi-se o tempo do tudo para todos.
A segmentação de consumo deixou de ser uma opção para dar espaço a uma necessidade, e as empresas que desejam se destacar no mercado precisam considerar as particularidades de cada público-alvo e suas demandas em cada fase da vida.
A solução para nós, do marketing e empreendedorismo, pode ser investir em pesquisas de mercado, pesquisas de dados e análise de concorrentes que permitam uma compreensão profunda desse público-alvo, seu comportamento e a criação de produtos e serviços que mais atendam às suas expectativas.
Com as transformações sociodemográficas, é assim que nós nos revolucionamos também.